Cultura e comércio

Dois anos de um museu a céu aberto

Mercado das Pulgas comemora seu segundo aniversário como um evento que já faz parte do cenário da cidade

Carlos Queiroz -

Mais jovem do que a feira de San Telmo, em Buenos Aires, e a de Tristán Narvaja, em Montevidéu, mas igualmente um ponto de encontro consagrado entre gerações, entre o passado e o presente e, claro, de comércio, o Mercado das Pulgas chega ao seu segundo aniversário com muito a celebrar. Já parte da rotina dos pelotenses, a feira reúne expositores, curiosos e muitas antiguidades fielmente aos sábados, das 10h às 17h, no largo Edmar Fetter.

Ao som do Clube do Choro, neste último sábado, comemorou-se oficialmente o aniversário. Uma iniciativa dos próprios expositores, conta o secretário de cultura Giorgio Ronna. Para ele, a data destaca o êxito total da iniciativa. “A feira é sucesso desde a primeira edição e, com o passar do tempo apenas se consolidou entre expositores e público.”

Ambos confirmam. Para os expositores, que espalham seus objetos antigos, como louças, esculturas, móveis, livros e revistas no chão do Mercado Público a feira está mais do que aprovada. Tanto que hoje já há, até mesmo, uma disputa de espaço dentro da feira que tem se estendido pelas ruas 15 de Novembro e pela Lobo da Costa.

Braulino Ribeiro, que acompanhou o surgimento da feira, conta que chega por volta das 6h da manhã no largo para garantir o mesmo ponto de todos os sábados e organizar suas peças com calma. “O Mercado das Pulgas está crescendo muito e vai continuar assim, a tendência é de que ele se torne muito grande ainda.” Na sua opinião, já é hora de pensar em uma expansão da feira. Outro comerciante de antiguidades e também presente desde o começo do evento, Oscar Urruty, segue a linha de pensamento de Ribeiro. Oscar comercializou suas antiguidades por 22 anos na Feira da Princesa, na avenida Bento Gonçalves e, não se arrepende de ter mudado sua banca para o Centro Histórico. “Aqui é outro público, a gente vende mais, compra mais e não sofre com alguns problemas como o trânsito, que tínhamos lá”, diz.

Por outro público, Urruty quer dizer que há aqueles que vão especialmente para conferir a feira e também aqueles que, devido à localização central, estão passando e acabam sendo atraídos pelo movimento. Sidney e Fernando Mendes, pai e filho, são a prova desta diversidade. Naturais de Rio Grande, ambos vieram para Pelotas por motivos pessoais e ao transitarem pelo Centro depararam-se com a feira. “Vale muito a pena o passeio, em Rio Grande não temos nada parecido. É muito convidativo e tem muita coisa legal em exposição. Quanto mais antiga melhor”, destaca Sidney. Já Carlos Fabian tem o costume de visitar a feira desde que esta iniciou. Para ele o espaço é convidativo tanto para adquirir peças cheias de história e muitas vezes até raras, quanto apenas para passear com amigos e família prestigiando a feira e o Centro Histórico.

Este misto de vozes carregadas de elogios da parte de quem vende e também por aqueles que conferem o trabalho fielmente aos sábados enchem o expositor Ramão Costa de orgulho. Foi pelas suas mãos que surgiu o esboço do Mercado das Pulgas, ainda em 2014. Na época, o comerciante procurou a vice-prefeita Paula Mascarenhas para reivindicar melhorias na Feira de Princesa. O local, conta, carecia de iluminação e segurança. Durante a conversa, Paula sugeriu como uma solução definitiva ao problema a criação de um novo espaço de exposição, desta vez mais próximo do público, junto ao Mercado Central, que passava pelo processo de revitalização. A ideia agradou, saiu do papel e, desde que está em funcionamento, só trouxe pontos positivos ao trabalho, afirma Ramão. Na sua banca, estão expostos livros, revistas e moedas antigas. São oito caixas de obras das mais diversas, mas com espaço privilegiado para autores pelotenses, como João Simões Lopes Neto e Zênia de León. Como sua loja fica no final do Fragata, a possibilidade de levar o seu trabalho até o público agrega muito em termos de vendas e de contatos. “O mais legal de estar aqui é que este espaço representa uma grande troca. Muitos vêm até aqui, me pedem livros que não tenho e vou atrás deles, principalmente estudantes. Algo que não aconteceria normalmente e que traz uma grande riqueza para o nosso trabalho”, conta.

Em alusão à data, a Secretaria de Cultura (Secult) e a de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sdet) distribuíram flâmulas para os expositores que estão presentes desde o início da feira, há dois anos e certificados para os que estão há um ano. Foram entregues doces de Pelotas aos comerciantes. Ambas secretarias são apoiadoras e organizadoras do Mercado das Pulgas.

Encontro
Feira reúne aos sábados expositores, curiosos e interessados em antiguidades

Há dois anos,
30 expositores inscreveram-se para expor no Mercado das Pulgas

Hoje, há
160 inscritos.

Destes, cerca de 70 expõem semanalmente e os demais de 15 em 15 dias

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